PODOLOGIA | Pés

CIRURGIA RESOLVE UNHAS ENCRAVADAS

PROCEDIMENTO | Intervenção cirúrgica combina dois procedimentos: bloquear a matriz da unha e remover a parte desta que está encravada

TEMPO | Recuperação da operação demora entre uma e três semanas

Os problemas nos pés não aparecem só no verão e, por isso, numa época em que chinelos e sandálias são trocados por botas e sapatos, é necessário um cuidado redobrado para evitar situações como as unhas encravadas.

“A terapia definitiva para tratar unhas encravadas é uma pequena intervenção cirúrgica, com anestesia local no dedo grande do pé, de forma a evitar qualquer dor no momento do procedimento”, começa por explicar o médico cirurgião Franz W. Boensch, sublinhando que apenas “é removida a parte encravada da unha, que faz fricção com os tecidos moles”. A cirurgia consiste numa junção de dois procedimentos: a matricectomia e a cantoplastia.

De acordo com o especialista, a primeira tem como objetivo “bloquear a matriz da parte encravada da unha, evitando que esta volte a crescer e encravar novamente”. Já a cantoplastia, considerada o complemento do primeiro tratamento, consiste na remoção da “parte encravada”. “Um procedimento não deve ser feito sem o outro”, reforça Franz W. Boensch.

Os atos cirúrgicos demoram cerca de 15 minutos a realizar e, regra geral, o doente costuma reportar uma sensação de alívio imediato, já que deixa de existir fricção entre a pele inflamada e a própria unha. Após a cirurgia, é feito um curativo no dedo afetado.

O tempo de recuperação situa-se entre “uma e três semanas”, refere o médico, salientando que “uma semana depois do procedimento já é possível voltar à atividade física”. Realizado o procedimento, os pacientes devem ter especial cuidado no corte das unhas. Se possível, devem optar por fazê-lo depois do banho, quando as unhas estão mais suaves.

CIRURGIA

É REALIZADA COM ANESTESIA E DEMORA CERCA DE 15 MINUTOS

PORMENORES

Cuidar das unhas e pele | Para garantir que as unhas e a pele dos pés se mantêm saudáveis, deve optar por meias de algodão e arejar e trocar regularmente de calçado. A higiene dos pés deve ser feita com recurso a um sabão de pH neutro.

Atenção com diabéticos | As lesões dos doentes diabéticos apresentam, no geral, dificuldades no processo de cicatrização. Desta forma, estes pacientes têm de ter cuidados redobrados com os pés e procurar um especialista assim que surge um problema.

Curvatura é um risco | As unhas encravadas podem ser provocadas por fatores hereditários, como ter raízes curvadas nas unhas. Também os traumatismos do dia-a-dia, como bater com os pés em objetos, podem aumentar essa probabilidade.

Homens são os que mais sofrem com o problema

As unhas encravadas afetam muitas pessoas, sobretudo do género masculino“ por razões associadas às atividades desportivas”, explica o médico cirurgião Franz W. Boensch. No entanto, mulheres que utilizem sapatos com formato em ‘V’, muito apertados à frente, podem também sofrer do problema.

A prevenção passa por, segundo o especialista, “utilizar sapatos mais largos à frente e evitar cortar os cantos da unha, que é o que lesiona a pele. Quando existem lesões, ainda que pequenas, “estas são uma porta aberta para as bactérias entrarem e causarem infeções”, explica o cirurgião. A forma como as unhas são cortadas influencia a probabilidade de a pessoa vir a ter unhas encravadas.

O médico Franz W. Boensch aconselha os doentes a cortarem “de forma mais quadrada”, uma vez que, quando o corte é redondo, “há uma maior tendência de a pessoa cortar tão rente à pele nos cantos que acaba por provocar feridas”. O corte das unhas pode ser realizado pela própria pessoa, em casa, com recurso a um corta-unhas ou uma tesoura.

Adolescentes com maior probabilidade

O problema das unhas encravadas deve ser prevenido desde cedo. Os pais devem, por isso, cortar as unhas de forma correta aos mais pequenos. Segundo os especialistas, a situação clínica afeta maioritariamente adolescentes e adultos. À semelhança destes grupos etários, também as unhas dos bebés devem ser cortadas de forma reta e não devem ficar muito curtas.

DISCURSO DIRETO

Franz W. Boensch: “PROVOCA INFEÇÃO E MUITA DOR”

Como é que o doente pode identificar se tem uma unha encravada?

Franz W. Boensch – Localmente, na unha, aparece o chamado tecido de granulação com inflamação e pus. Os cantos da unha estão cravados na carne, o que provoca infeção e muita dor ao doente.

Qual a razão para a cirurgia ser o único tratamento 100% eficaz?

FWB – Com este procedimento não se efetua qualquer corte na pele com ferida aberta. Mantém-se a parte visível da unha, que é importante por razões estéticas. Uma vez que as células da raiz da unha são obliteradas, o problema fica resolvido de uma vez por todas e não aparece mais.

Que cuidados são necessários depois desta intervenção?

FWB – É importante manter a ferida limpa e seca.

OPÇÕES | TRATAR COM POMADAS

Há ainda outros tratamentos para resolver unhas encravadas. Contudo, não resolvem a longo prazo e o doente pode voltar a sofrer do problema. Pomadas antibióticas são também uma opção, sendo que devem ser colocadas na infeção, ainda antes de a pessoa cortar a unha.

PROBLEMA | JOANETES AFETAM MULHERES

Os joanetes são o problema nos pés que mais afeta as mulheres, segundo o cirurgião Franz W. Boensch. Trata-se de uma saliência óssea, uma deformidade, que geralmente causa dor ao caminhar, ou quando a pessoa utiliza calçado inadequado. Em casos graves, o joanete cria uma ‘bolsa’ de líquido.

RISCO | AJUDA PROFISSIONAL

Quando existe uma unha encravada, o doente deve sempre procurar um profissional de saúde. Cortar a região afetada em casa, colocar curativos apertados ou até cortar a unha podem piorar a situação clínica.