RESUMO DO ARTIGO
O processo de avaliação é determinante. Mas frequentemente esta é uma etapa menosprezada pelo consumidor e pelo próprio facilitador de exercício (prefiro assim identificar).
| Nem todo o exercício é saudável!
Com a pandemia instalou-se o medo. Já seria de esperar e parece-me razoável que assim seja. De repente, entrar num centro comercial ou qualquer outro local fechado (ou não) passou a ser sinónimo de sujidade, ou, neste caso, de infeção quase certa.
Não tardou a que explodissem na net exemplos – bons e maus – de exercícios para que as pessoas pudessem continuar ou iniciar uma vida ativa fora dos ginásios. Figuras públicas, organizações oficiais, comunidade de profissionais de saúde e até mesmo alguns políticos defenderam que esta é uma altura que podemos aproveitar para melhorar os nossos hábitos de vida onde o exercício ocupa um papel fundamental. Mas, em Portugal Continental voltou-se a fechar as portas dos ginásios. Então? Em que ficamos?
Aparentemente, estes locais são focos de infeção, mesmo tento ciência que contradiz isso. Os poucos estudos que demonstram esse risco apresentam algum enviesamento pelo que perdem validade.
Como solução, os influencers (pessoas com muitos seguidores nas suas redes sociais e tidos como líderes de opinião) e muitos PT’s começaram a partilhar ideias de exercícios para que as pessoas pudessem os realizar em casa ou espaços públicos destinados ao efeito. Parece um altruísmo interessante não fosse ele também pago, e sobretudo muitas vezes desajustado à pessoa a que se destina. Não sou contra este serviço, mas sou contra o mau treino se esse for o caso.
Muitas vezes ouvimos a expressão “é melhor que nada”… MAS NÃO! Ou melhor, há situações em que realmente pode não fazer efeito algum – o que sim, é melhor que nada mas também não faz diferença – mas outras tantas em que se o exercício for inadequado à pessoa em questão, seria melhor ficar quieto. Dou exemplos disso: fibromialgia e pliometria; condilartrose e caminhada/corrida; tendinite e alongamento; etc.
O processo de avaliação é determinante. Mas frequentemente esta é uma etapa menosprezada pelo consumidor e pelo próprio facilitador de exercício (prefiro assim identificar). Sem avaliar a disponibilidade e a força de uma pessoa, como poderei decidir se um exercício é ou não adequado? Baseado apenas no feedback do executante posteriormente ao exercício? Isso é muito pouco.
Como solução sugiro que, no mínimo, recorra a uma avaliação com um profissional do exercício físico presencialmente. Hoje beneficiamos de ferramentas e conhecimento para que possamos verificar como está a comunicação entre o cérebro e os músculos, fazer melhores escolhas relativas aos exercícios para si. Só depois disso será razoável prescrever um treino para que o possa realizar noutro espaço fora do ginásio se assim o entender. Mas lembre-se, também é importante fazer bem o exercício, mesmo que seja adequado a si.
POR AFONSO FRANCO | professor e personal trainer do PT Studio