RESUMO DO ARTIGO
As balanças de bioimpedância, de uso generalizado em ginásios, clínicas e já em algumas casas, dão-nos, de facto, mais informações relativas ao nosso peso. Mas, se quisermos ser rigorosos, deverão ser medidas as pregas de adiposidade subcutânea e aí termos uma noção real mais aproximada de quanta gordura perdemos.
Não quero, com isto, que deixe de usar balança, até porque ela é uma ajuda preciosa dependendo da fase em que está. Quero, isso sim, que saiba as vantagens e desvantagens do seu uso, que tenha a noção que, sozinha, nem sempre espelha os resultados do seu trabalho.
| E SE A BALANÇA O/A ESTIVER A ENGANAR?
A Laura (nome fictício), de 1.65m de altura e com 85Kg, após consulta médica, soube que o seu IMC (índice de massa corporal) estava nos 31.2, valor indicativo de que atingiu o nível da obesidade. A Laura era ativa em miúda, praticou basquetebol e ginásio até aos tempos universitários, mas devido às circunstâncias da vida, com a profissão e construção de família, acabou por cessar as suas atividades desportivas. Por consequência, ganhou peso, aumentou a sua tensão arterial e tinha os níveis glicémicos sanguíneos acima dos valores de referência ou ditos “normais”.
Passados 5 meses, com algumas mudanças de hábitos alimentares e com a implementação de um programa de treino personalizado, a Laura conseguiu diminuir 10Kg, ficando com 75Kg. Atingiu, assim, um grau abaixo do da obesidade e passava a estar no nível de excesso de peso, com 27.5 de IMC.
Com a sua constante mudança de hábitos, começou a interessar-se cada vez mais pelo estilo de vida saudável e começou a frequentar o ginásio mais vezes por semana. Adequou, junto do seu treinador, o programa de treino, mas agora com o principal foco na tonificação.
Chegando aos 68Kg no espaço de 1 ano, o seu peso começou a estagnar e, por vezes, em vez de diminuir, aumentava 1Kg. Laura estava preocupada, pois o valor que a balança lhe dava, indicava ainda que estaria com um IMC de excesso de peso.
Após avaliação com o seu treinador e de consulta com a sua nutricionista, chegou-se à conclusão que o valor da balança não era mais indicado na fase em que estava, pois a Laura melhorou todos os seus indicadores de saúde, diminuiu a tenção arterial, estabilizou a glicémia, baixou no número de roupa e até sentiu melhorias no sono.
A estratégia de medição precisava ser repensada. O seu peso em Kg, não nos permitia ver as diferenças que existiam na composição corporal ao longo da sua evolução (ex.: Massa magra, massa gorda). O peso e o IMC, per si, são uma referência muito útil no controlo de peso e na saúde pública geral, no entanto, se a pessoa tiver um nível atlético próximo ao de um desportista, em que a sua massa muscular corresponde a uma maior fatia do seu peso, a utilização da balança apenas pode já não ser o ideal, pois esta não está a ter em conta outros fatores que compõem o seu peso. Estes são de enorme importância para entender toda a evolução e melhoria evidenciada.
As balanças de bioimpedância, de uso generalizado em ginásios, clínicas e já em algumas casas, dão-nos, de facto, mais informações relativas ao nosso peso. Mas, se quisermos ser rigorosos, deverão ser medidas as pregas de adiposidade subcutânea e aí termos uma noção real mais aproximada de quanta gordura perdemos. Por vezes a própria roupa e o simples olhar ao espelho são pequenos detalhes que nos podem ajudar a perceber o quanto estamos a evoluir.
Não quero, com isto, que deixe de usar balança, até porque ela é uma ajuda preciosa dependendo da fase em que está. Quero, isso sim, que saiba as vantagens e desvantagens do seu uso, que tenha a noção que, sozinha, nem sempre espelha os resultados do seu trabalho. Por isso, não desanime quando o peso teima em não baixar, pois pode ter ganho massa muscular e, certamente, também melhorou os seus indicadores de saúde e qualidade de vida no geral.
POR TIAGO CORREIA | personal trainer do PT Studio